sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Daquela tarde plácida

Ficaria sobretudo a memória
de uma longa espera naquela
tarde plácida

de neblinas e silêncio
a selar as nossas bocas

ao longe a silhueta do destino
que não seguimos
a desaparecer entre ruas

ficaria sobretudo a memória
do peso das pálpebras depois
das chuvas

do teu amor sobre o meu peito
descompassado

nas janelas as primeiras luzes
que não contámos
a acender-se entre estrelas

ficaria sobretudo a memória
da sombra dos meus gestos no
teu rosto

a cor do anoitecer a embalar
o canto dos gatos vadios e

os sussurros dos fantasmas
que arrastávamos na voz